sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pastoral

INCENTIVANDO A AUTENTICIDADE CRISTÃ.


Falar sobre espiritualidade é falar de relacionamentos. E falar de relacionamentos envolve muito mais do que encontros, responsabilidades, atividades e outras coisas em comum que fazemos. Envolve o que somos, nossa capacidade de nos dar para sermos conhecidos e de conhecer o outro como ele é. É interagir em amor e afeto, numa permanente e íntima comunhão com o outro.
Essa é a grande crise e o grande desafio da espiritualidade cristã neste século. Em meio a avanços tecnológicos e às grandes conquistas científicas, o homem vê-se cada vez mais solitário e distante. O individualismo competitivo deste século desencadeou um sentimento de orfandade e ativismo como nunca tivemos antes. As relações humanas tornaram-se frágeis, inseguras,superficiais e fragmentadas.
Mesmo no mundo religioso, particularmente evangélico, podemos perceber esses sintomas, muitas vezes mascarados pelo ativismo que já nao consegue disfarçar o vazio relacional e afetivo experimentado por muitos cristãos. O uso das máscaras e os papéis que representamos reforçam a fragilidade dos nossos relacionamentos e comprometem nossa espiritualidade.
A busca por aceitação, a necessidade de nos sentir amados, leva-nos a representar os mais diferentes papéis no palco da nossa existência. Talvez hoje, paradoxalmente, a igreja tenha-se tornado o último lugar onde posso mostrar-me exatamente como sou. Aquele velho hino cantado nos cultos evangélicos - "Eu venho como estou..." - serve apenas para o primeiro momento. Uma vez sendo formalmente recebido na igreja, ele já não serve mais. Devo ir como os outros esperam que eu venha, não mais como sou.
Isso tudo no leva a um modelo que é essencialmente funcional e impessoal, Conhecemos uns aos outros pelo que fazemos, pelas posições que ocupamos ou pelos títulos que possuímos. Pouco ou quase nada sabemos acerca de quem realmente são nossos amigos. E, pior, quase nada sabemos sobre nós mesmos. Sabemos do que gostamos, do que fazemos, mas pouco sabemos sobre quem somos. O mesmo se dá com nossos amigos, inclusive com aqueles que gozamos de uma relação mais "íntima", como é o caso da nossa família. Crescem a cada dia as crises familiares quando cônjuges e pais descobrem que, depois de anos de convívio doméstico, não conhecem de fato quem são.
Ricardo Barbosa de Sousa.

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